segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Retoorno

Eles por acaso se encontraram um dia, já fazia algum tempo que não se falavam pessualmente. Foram obrigados a ficar sozinhos novamente, como da primeira vez, cada casal de amigos se foi para um canto. Eles estavam sem graça. Olharam o lago e se sentaram na grama. Olharam a lua. Ambos sentiram como se estivessem na mesma cena que viveram a algum tempo atrás. Mas o clima era outro, uma tensão para que aquele momento não se repetisse de forma alguma combatendo a vontade para que ele fosse revivido. Havia uma atmosfera pesada. Então, para quebrar o gelo, começaram a falar asneiras, ela tocou num assunto que os feria, e ele falou besteiras. Novamente. Sempre a mesma mentira. Ele havia colocado a cabeça dela escorada em seu ombro e acariciava o ombro dela - como da primeira vez - e dizia que não a amava, que ela se esquecesse dessa história. Ele e seu corpo se contradiziam. Ela ficava mais confusa a cada segundo. O mesmo sentimento de toda vez que voltavam a se falar: esperança, então... Dor. Corações vazios.
- Cala a boca! - Ela disse bruscamente. Ele ficou atônito, ela o olhou com súplicas disculpas estampadas em seus olhos.
Houve silêncio.
- Só... Não fale nada. - Ela dizia com pausas longas entre cada palavra, sem o olhar. Fez então uma grande pausa, e então prosseguiu. - Você não precisa falar o que sente. As palavras mentem...
Silêncio. Ele a olhava com certa dor disfarçada em curiosidade. Sabia onde ela queria chegar. Era verdade, mas ela não deveria saber.
- Fica assim. Quando se deixa o silêncio falar por meio de seu corpo, ai sim, a verdade está impregnada em cada palavra que, não foi dita, mas foi mostrada.
Outro minuto de silêncio.
- Só continue me abraçando ou... Não sei, só faça o que quiser de mim.
Ela abaixou o rosto, com vergonha e receio do que ele faria, com esperança de que ele a beijasse.
Ele a abraçou. Beijou sua testa e então apoiou seu queixo na cabeça dela, colocando-a apoiada em seu peito. Não falou nada. Ele cedeu. Ela não devaria saber mas já sabia. Ele não devaria mostrar, mas gostaria. Mostrou sem querer, sem resistir ao que sentia.
- É isso que você realmente quer?
Ela falou afirmando e questionando ao mesmo tempo. Ele continuava em silêncio. Seu peito tremia e ele ofegava, parecia conter um choro. Não respondeu.
- Eram mentiras todas as vezes que você disse que não me amava mais? - Ela, dessa vez, mais afirmava do que perguntava.
A boca dele se abriu num pequeno estalo, como se fosse falar. Não falou. Ele pensava. Mas novamente não resistiu ao que sentia:
- Eram todas para te proteger. Não ajudou. Eu sei, pensei que seria mais fácil. - Ele soluçou as palavras. - Mas eu tive medo... - sussurou.
Ambos corações batiam forte, como se fossem saltar de seus peitos e sair de suas gargantas um de encontro ao outro. Ele sabia que ela nunca deixou de acreditar. Pensava se tentaria novamente, valeria a pena? "Vale" ele pensou.
Ele a abraçou forte, ela se acomodou em seu peito.

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