terça-feira, 8 de junho de 2010

caos particular: Velório

E no velório, todos choravam por não ter dito tudo o que sentiam quando podiam, por terem dito tantas palavras categóricas, porém frias. E solitária no seu subconsciente, a viúva chorava, lembrando do quanto havia sido adúltera, o filho chorava lembrando-se dos relógios e perfumes que havia roubado do pai para se drogar, a amante consolava a viúva, e a filha recordava-se de quantas vezes havia dito que o odiava. E no final, todos choravam desconsoladamente, e dizendo repetidamente: "eu te amo!" , não que realmente o amassem, mas o descarrego de consciencia havia de ver feito.

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